quarta-feira, 23 de julho de 2008

Cultura Brasileira perde Mestre Felipe


Cultura Popular maranhense perde um dos seus mais importantes representantes

Mestre Felipe e Calé Alencar


Os grupos de Tambor de Crioula do Maranhão e do Brasil estão de luto pelo falecimento do compositor, instrumentalista e percussionista Felipe Neres Figueiredo, o Mestre Felipe. Ele morreu aos 84 anos, na última sexta-feira (18 de julho), em São Luís, e seu sepultamento foi realizado neste domingo (dia 20), em São Vicente de Férrer, cidade natal do artista.O MestreMinistro Gilberto Gil e Mestre Felipe, por ocasião do registro do Tambor de Crioula como Patrimônio Imaterial Brasileiro. Um dos maiores representantes da cultura popular maranhense, Mestre Felipe nasceu em 1924, no norte do estado, a cerca de 75 km da capital. Foi um dos fundadores e presidente da Associação Folclórica e Cultural Tambor de Crioula União de São Benedito, que reúne cerca de 35 integrantes. Em São Luís, organizou grupos de coreiros que são destaques em festejos populares e apresentam-se durante todo o ano nas festas de pagamentos de promessa, de São Benedito, de São João e no Carnaval. Durante duas décadas, trabalhou com o Laboratório de Expressões Artísticas do Maranhão (Laborarte), transmitindo para as novas gerações a arte de tocar tambor por meio de oficinas e, atualmente, era responsável pela formação de percussionistas. Com coreiros da sua turma gravou várias toadas, que estão reunidas em um CD lançado em 1998, o primeiro a registrar composições de Tambor de Crioula do Maranhão.Em 2002, Mestre Felipe gravou 11 composições de sua autoria e o CD faz parte da coletânea sobre Tambor de Crioula, que inclui um vídeo e dois outros CDs gravados pelos Mestres Leonardo e Seu Chico. Em março deste ano, lançou Jandaia - Peixe do Fundo, seu terceiro e último trabalho fonográfico. Tambor de CrioulaA manifestação da cultura popular maranhense foi registrada, no ano passado, no Livro das Formas de Expressão do Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além da inscrição, também passou a contar com o seu memorial, a Casa do Tambor de Crioula, instalada em uma antiga fábrica no centro de São Luís.O Tambor de Crioula - envolvendo dança circular, canto e percussão - tem sua origem ligada à resistência cultural dos negros e de seus descendentes. O dia 6 de setembro é a data consagrada para celebrar essa tradição da cultura do Maranhão, uma das mais belas da região Nordeste do país. Atualmente, no estado, existem mais de sessenta grupos catalogados.

(Marcelo Lucena, Comunicação Social/MinC)

Publicado por Sheila Sterf/Comunicação Social 21 de julho de 2008